#Histories: Helmut Lang

Helmut Lang 1998 Online

Andei pesquisando sobre Helmut Lang para fazer os conteúdos sobre Raf Simons e Hedi Slimane no Stories. Foi anunciada recentemente também uma colaboração dele com Anthony Vaccarello, para o design de algumas lojas da marca. Eu já estava querendo testar novas maneiras de mostrar o conteúdo dessa coluna de história da moda que eu escrevo, e aproveito então para contar em vídeo a trajetória do estilista austríaco.

.História da moda masculinaRalph LaurenGianni VersaceDolce & Gabbana

Helmut Lang foi criado pelo avô, que era sapateiro, nos Alpes austríacos. Quando era adolescente foi morar Viena, onde começou em 1977 a fazer roupas para ele mesmo, depois para os amigos e logo ficou popular na cidade. Tanto que em 1986 se mudou para Paris e lá fundou sua marca e começou a fazer os desfiles que o fizeram famoso na indústria da moda. Em 1997, já se mudou para NY num plano de internacionalização que incluía o lançamento de linhas de difusão: jeans, underwear, acessórios, perfumes.

Lá, ele decidiu se apresentar antes do calendário europeu. Só que a semana de desfiles de NY acontecia por último, então ele passou a abrir a temporada de desfiles antes de todo o mundo. Logo, outras marcas importantes começaram a copiar ele e se apresentar antes, como Calvin Klein e Marc Jacobs. Por isso, desde então, a semana de NY passou a ser a primeira no calendário, antes de Londres, Milão e Paris.

Ele também foi o primeiro a apresentar coleções masculinas e femininas em desfiles, por conta de sua assinatura unissex. Helmut Lang foi pioneiro em muitas coisas, como ao apresentar o inverno 1998 ao vivo pela internet e em CD-Rom, para oferecer “uma visão sem filtros do seu trabalho”, que até então era oferecida apenas pelo olhar das editoras das grandes revistas.

Subvertendo a ordem natural da indústria, ele passou a anunciar em revistas que não eram de moda, como a National Geographic, que ele reconhecia falar com um público mais diversificado, comparável com a internet. Pôs ainda sua marca em todos os táxis amarelos de NY. Nas campanhas, fez a manobra inédita de publicar apenas fotografias de Robert Mapplethorpe (incluindo seu auto-retrato), sem mostrar o produto. Branding puro.

Em 1999 vendeu 51% a grupo Prada, que cortou a rentável linha jeans, por ser muito comercial. Eles acreditavam que deveriam apostar em bolsas e perfumes, seguindo a própria receita de sucesso. Mas estavam errados e esse movimento derrubou seu faturamento. Era justamente esse hi-lo que fazia ele famoso: jeans e camisetas básicos do lado de cashmeres de US$ 2 mil.

Helmut Lang ficou até 2005 no comando e no ano seguinte a marca foi vendida para o grupo da Theory e Uniqlo. Desde então, ele se aposentou da moda para trabalhar como artista, fazendo exposições e instalações. Mora atualmente em Long Island no East Hamptons.

Conhecido pelos conceitos de precisão, androginia, utilitarismo, o estilo Helmut Lang levou e elevou o streetwear para a alta moda: tecnologia de materiais (latex, neoprene, transparências); recortes nas roupas como nas mangas das camisas ou nas regatas; alfaiataria flat front, que é a calça sem pregas que usamos até hoje; casaco esportivo grande, com colarinho e capuz volumosos, como uma parka; uniformes em geral, das botas que ele aprendeu a fazer com o avô a calças e jaquetas de motoqueiro ou aviador.

Fez ainda os primeiros designer jeans, com respingos de tinta, uma linha artesanal que foi grande sucesso de vendas. Usava regatas sobre saias e vestidos ou sob túnicas de organza, criando um jogo de sobreposições delicadas. Usou também harness e elementos do bondage, do imaginário LGBTQ+.

A stylist Melanie Ward, que fez a capa da fotógrafa Corinne Day na i-D com Kate Moss em 1990, foi sua diretora criativa por 13 anos, até ele se aposentar. Foi ela quem apresentou os dois. Helmut Lang chancelou Kate Moss como supermodel logo no inicio da carreira por que ele punha ela pra fazer apenas uma entrada no desfile, como as outras supermodels, de modo que elas não precisavam fazer a troca de roupa e isso dá uma importância pra modelo. Outras que tinham esse privilégio eram Christy Turlington, Naomi Campbell e Linda Evangelista… Outros colaboradores: Louise Bourgeois e Jenny Holzer em exposições e arquitetura das lojas. Jurgen Teller fez fotos dos bastidores. Ótimas conexões para uma das grandes cabeças da moda dos anos 1990 e 2000.

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