Tecidos antivirais

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Num primeiro momento da pandemia de Coronavírus, parte da indústria de moda se voltou para a produção de máscaras e trajes em tyvek para cobrir a escassez de equipamentos de proteção individual de quem trabalha na linha de frente desta batalha. Agora, passados alguns meses, o foco está na pesquisa de fibras têxteis com propriedades antivirais e antibacterianas.

A empresa suíça de inovação têxtil Heiq apresenta um dos primeiros acabamentos antivirais em tecidos, chamado HeiQ Viroblock NPJ03. Ele pode ser aplicado em todos os tipos de fibras e  tem como base um lipossoma cuja membrana rica em lipídios destrói rapidamente quaisquer vírus envelopados, bactérias ou fungos.

Para comprovar a eficácia de 99,9% no combate ao Covid-19, o Instituto Dohrety (uma joint-venture da Universidade de Melborn com o Hospital Real de Melborn) testou os tratamentos antivirais com uma amostra de tecido contaminado por gotículas de aerossol e confirmou o processo de desinfecção após alguns minutos. Os testes são feitos com um vírus similar, chamado 229E, pois ainda é proibido manipular o SARS-CoV-2.

A Heiq já se projetou no segmento de luxo da moda por meio de uma parceria com a Albini (conhecida por fornecer tecidos a marcas como Giorgio Armani, Emenegildo Zegna e Prada), com o tecido ViroFormula. Para a Vogue Business, o CEO da marca Fábio Tamborini explica que, depois do contato com as mucosas por partículas no ar, a segunda maior forma de contrair a doença é a autocontaminação, quando levamos o Coronavírus ao corpo depois de encostar em superfícies contaminadas, como a própria roupa. Então este é um cuidado extra…

A Rhodia criou a poliamida Amni Virus-bac OFF, com agentes antivirais localizados na matriz polimérica do fio e que têm afinidade eletrônica com regiões de proteínas da estrutura do vírus, impedindo a hospedagem em células humanas. Além disso, também atua no rompimento do envelope lipídico, fazendo com que destrua sua gordura externa e impedindo sua capacidade de replicação.

No Brasil, uma das pioneiras é a empresa de biotecnologia Visto.Bio, que tem um spray cosmético que protege contra microorganismos, como vírus e bactérias, feito a partir do processamento molecular do álcool 70% com princípios ativos dos óleos essenciais nativos brasileiros. Após aplicação, a secagem ocorre em segundos e seu efeito dura 24 horas.

A pesquisa original do engenheiro têxtil Renan Serrano era em torno do efeito bactericida, para reduzir a necessidade de lavagem das roupas, reduzindo impactos ambientais (desde o consumo de água e produtos químicos nas lavagens, até o aumento da durabilidade das peças.) As novas fórmulas antissépticas e antivirais da Visto.Bio já tem certificações de laboratórios habilitados pela Anvisa para uso seguro em diferentes superfícies (roupas, tecidos variados, corpo e cabelo) e também em ambientes fechados.

O polo têxtil de Santa Catarina já tem também ofertas antivirais, como o lançamento da tecelagem Dalila Têxtil, que usa partículas de prata para atrair o vírus com carga oposta, fazendo que tenha seu crescimento impedido.

São insumos e tecnologias que já existiam no mercado, inovações do segmento assim como tecidos que não amassam, que aquecem ou que refrescam. Ainda não sabemos se usar uma roupa de fato diminui as chances de contato com o Coronavírus. E alguns dos acabamentos são permanentes, mas outros tendem a sair após algumas lavagens.

Mas os antivirais podem servir como um bom argumento de marketing para cruzar o ambiente de inovação dos laboratórios rumo ao dia a dia do estilo de rua _que vai ser usado para ficar em casa, ou para quando (e se) pudermos voltar a sair, né ?! (De qualquer forma, não esqueça de lavar as mãos, usar máscara no rosto e manter distância das pessoas para evitar a transmissão de Covid-19.)

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