Coronavírus, home-office e isolamento

Coronavirus

O Coronavírus fez as populações urbanas das principais capitais da China, Europa, Américas e Oriente Médio debaterem novamente medidas básicas de higiene contra gripes e resfriados e a urgência de um sistema público de saúde _vide a comparação entre Brasil e Estados Unidos. Entre outros reflexos mais drásticos estão a queda da Ibovespa e das bolsas mundiais, a inflação nos preços de álcool em gel 70%, falta de estoque de papel higiênico e uma nova etiqueta de socialização sem encostar as mãos ou o rosto.

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Uma recomendação em especial, porém, chama a atenção pelo ineditismo e pelo impacto que tem causado na vida nas grandes cidades: o distanciamento social. Uma quarentena hoje é essencial para que não se acentue a curva de contaminação do Coronavírus e não sobrecarregue hospitais e prontos-socorros no futuro. Fecharam escolas, cancelaram espetáculos e recomendaram evitar qualquer aglomeração de pessoas. O contágio é inevitável, porém podemos juntos fazer com que seus efeitos sejam menos agressivos nas pessoas e nas comunidades.

Em casa, evita-se pegar e passar esta e outras formas de vírus, da mais conhecida (Influenza) às mais recentes gripes aviárias descoberta (H5N6, H5N8…). É o tempo também de a doença se manifestar e identificarmos quem precisa realmente de tratamento. As empresas então voltaram a considerar a hipótese de que sua equipe trabalhe de casa, ao seu próprio ritmo e desde que cumprindo as mesmas demandas por excelência. Muitas já haviam aberto essa como uma opção de cortar custos: locação, deslocamento, estacionamentos, equipamentos… Agora, é a única possibilidade de o mundo continuar funcionando.

Tyvek: traje de proteção foi moda nos anos 1980 e serve também contra Coronavírus

O home-office é um privilégio, de certo. É também um caminho sem volta dada a informalização das relações de trabalho. A parte difícil, no entanto, não aparece rapidamente. Vem com o passar do tempo, quando esmaece o deslumbre por decidir nossos próprios horários, cabular quando possível ou passar noites em claro debruçado numa pesquisa. Solidão é um sentimento difícil de ser mensurado e eu já venho tentando desenhar esses limites na minha cabeça desde que comecei a trabalhar sozinho, em 2017.

Já faz um tempo que venho pensando em escrever sobre a relação entre home-office, isolamento, distanciamento social e solidão, mas não tinha encontrado ainda as palavras. Eu já tentei esse esquema alguns anos antes, sem sucesso. Curiosamente em ambas ocasiões trabalhava para a Julia Petit no site Petiscos. Na primeira vez, vivia na balada e alternava dias super produtivos para honrar meus compromissos com ressacas intermináveis. Jovens…

Depois, já atento às armadilhas, criei uma rotina espartana de acordar cedo, ir pra academia, marcar almoços com amigos, ir nos eventos de trabalho, encontros de família. É o esforço necessário para não passar um dia inteiro sem encontrar seres humanos. Depois de um tempo, adicionei a opção de app de encontro, para que não faltasse cia em nenhum dia da semana.

São comprovados os efeitos psicológicos duradouros em casos de isolamento, como stress pós-traumático, medo, culpa, dependência, confusão mental e acessos de raiva. E também frustração, tédio, estigma social e até perdas financeiras. Os estudos foram realizados durante quarentenas por conta das epidemias de Sars e H1N1.

Não há receita infalível para se prevenir disso tudo. A própria vida real já gera ansiedades o suficiente para desencadear vários desses sintomas. A noção mais abrangente que consigo usar para sintetizar, a partir da minha experiência, é: crie uma rede de apoio além dos vínculos primários. É uma maneira de cuidarmos uns dos outros sem que sejam apenas entre as conexões por prazer, por familiaridade ou apenas sua responsabilidade.

Amigos, vizinhos e colegas são muito importantes para que não se interrompa o fornecimento de informações e de suprimentos, principalmente para quem tem idosos ou crianças em casa. Que seja para ajudar a reduzirmos a mobilidade do Coronavírus ou para que esse período não seja tão doloroso e suas consequências não sejam tão marcantes nos corpos ou nas memórias de todo mundo.

Assisti pelas rede sociais as pessoas na Itália cantando nas janelas como solidariedade durante o confinamento e na Espanha aplaudindo os profissionais de saúde. Em São Paulo, vi as filas de gente desesperada no supermercado Santa Luzia e alguns amigos em festas durante o fim de semana. Tsc tsc. A recomendação do Ministério da Saúde contra o Coronavírus é clara: fique em casa. E no que precisar (online) pode me chamar 🙂 Beijinhos de longe.

This Post Has 2 Comments
  1. Muito obrigado por se juntar nessa luta pra barrar o quanto antes a contaminação comunitária que pode colapsar nosso SUS. Conte comigo também para aliviar a solidão. E cuidemos de nossos velhinhos. Bjs

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