Bauhaus e o minimalismo

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A Bauhaus foi criada como a escola de artes básicas na República de Weimar, Alemanha, no ano de 1919. Walter Gropius, o fundador da Bauhaus, havia criado um manifesto onde destacava um olhar revolucionário sobre a produção e o processo artístico. Fechada pelos nazistas em 1932, a escola apresentou reflexões sobre formas geométricas e a ideia de simplicidade como elegância no design, substituindo idéias barrocas vigentes até então.

A teoria, fundamentada por artistas como Piet Mondrian, Wassily Kandinsky e László Moholy-Nagy, conquistou pela ruptura de pensamento, num mundo que investia menos dinheiro em ornamentos e peças de design por conta da crise após a Segunda Guerra Mundial. A combinação jamais pensada de casar as belas artes com produção almejava preencher a lacuna entre fantasia e realidade, em perspectiva futurista e clean com atenção especiais os ideais de funcionalidade.

O ponto de partida era a reflexão sobre as peças geométricas básicas e as cores primárias, sendo elas triângulo amarelo, quadrado vermelho e bola azul. A ideia proposta por Kandinsky era de formular uma teoria de tradução de sensações em uma escrita universal, as quais fizeram Bauhaus ser sinônimo de “originalidade”, “tecnologia”, “pós-modernismo” e “nova gênesis do design”.

O primeiro contato da moda com a escola foi em 1927, com a performance de dança de Oskar Schlemmer, em que os personagens era trajados com roupas que foram plenamente baseadas no dicionário visual e faziam movimentos alusão à finalidade das figuras geométricas. O impacto dessa performance foi tanto que em 1970 um filme chamado “Das Triadische Ballett” revisita exatamente a apresentação, uma proposta conceitual em câmera super 16mm do diretor Helmut Ammann.

Depois disso, o próximo ponto de encontro foi 32 anos após o fim de fato da Bauhaus da Alemanha, em 1965, com Yves Saint Laurent apresentando o “vestido do amanhã” _como foi chamado pela revista Harper’s Bazaar. Esta peça era inspirada nos quadros de Piet Mondrian e representava a quebra entre a linha tênue que distanciava as artes plásticas da moda.

“A moda estava injetando um novo senso de sofisticação. Formas minimalistas combinadas com as cores fortes da Pop Art, trouxeram em pauta Mondrian para o mundo da moda, e Yves Saint Laurent pro mundo da arte”, diz Amanda Winterland no texto sobre a condição humana da sociedade em reflexão a moda e arte, publicado no Medium.

No novo milênio, a escola influenciou os trabalhos de Phoebe Philo, Jil Sander e Acne Studios. Riccardo Tisci, por exemplo, buscou referências na teoria da forma para o inverno de 2014 da Givenchy. Por mais que seja ambientado em uma quadra esportiva redonda, e que tenha sido inspirado majoritariamente ao universo do Basquete, diversas referências vistas na coleção fazem alusão ao ABC da forma de Bauhaus.

Assim, estampas mesclam as formas básicas, blusas servem de telas para o estudo elementar da forma, como vista na grade do curso de arte de Bauhaus, e aparecem peças em que a alegoria mescla a estética com a funcionalidade, como os bolsos de calças tracejados na estrutura do mecanismo da perna.

No Brasil, quem está hoje na frente do movimento de dar holofotes para a funcionalidade e deixar a estética mais discreta possível é Cauê Trubbianelli Nunes, diretor criativo da Saint Studio, que existe desde 2009 e levanta a bandeira do minimalismo no vestir e no viver.

“A importância de termos uma marca minimalista no mercado se dá pelo seu próprio propósito do minimalismo como estilo de vida. A filosofia é um movimento amplo, que costuma causar em seus adeptos uma melhoria no bem-estar e na mudança de foco, canalizando as suas energias para o que realmente importa, apenas o essencial. E é exatamente isso que queremos difundir quando criamos as nossas coleções.”

A última coleção lançada gradualmente é baseada na Bauhaus, com detalhes que trazem memória afetiva e significação da importância da arte no cotidiano. O ponto de partida foi a comemoração dos 100 anos da escola de arte alemã em 2019, quando começou a ser desenhada. Cauê afirma que o desenvolvimento da coleção foi baseado em estudo de livros, revistas e de obras de arquitetos e designers da Bauhaus.

“O minimalismo na moda por si só já é uma atitude sustentável, pois são peças desenvolvidas com matérias-primas de excelente qualidade com vida útil maior e consequentemente um descarte menor. O simples fato do design ser mais limpo, faz com que utilizemos menos aviamentos e adereços que irão poluir o meio ambiente no final da cadeia,” promete.

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