Ponto Firme e Gustavo Silvestre

Encontrei com o designer e artesão Gustavo Silvestre na edição mais recente da feira Made – Mercado, Arte e Design, de Waldick Jatobá. Lá, ele me contou do projeto de capacitação Ponto Firme, em que há mais de dois anos oferece aulas de crochê e já formou mais de 100 detentos na penitenciária Desembargador Adriano Marrey, em Guarulhos (SP).

Na Made, Gustavo Silvestre exibia algumas peças no estande “Trama Afetiva”, projeto do (querido) consultor Jackson Araujo com a Fundação Hermann Hering, que propõe novas formas de produção na economia criativa, retomando processos manuais e usando moda e design como ferramentas para a transformação social e ambiental.

E agora ele leva um desfile do projeto Ponto Firme para o calendário do SPFW, no dia 21 de abril, depois de uma prévia no próprio presídio essa semana (onde foram feitas as fotos que ilustram este post). Após o evento, as peças da coleção serão expostas no Museu da Resistência de São Paulo, instituição conectada à Pinacoteca do Estado.

“Quando começamos o projeto o foco do trabalho era ensinar a técnica do crochê e oferecer uma alternativa para eles se profissionalizarem. Com o passar do tempo, percebi que era possível desenvolver uma coleção de roupas e começamos a trabalhar com força e aumentar o tempo de oficina. O desfile no SPFW nos permitirá mostrar outros caminhos possíveis de reintegrá-los na sociedade, valorizando o trabalho de forma criativa”, diz Gustavo Silvestre.

São cerca de 40 looks desenvolvidos em nove meses, em que poderemos ver o resultado dessa formação técnica artesã em 20 dos sentenciados da penitenciária masculina, para quem o tempo dedicado às aulas contribui para remissão da pena, além de ressocialização, desenvolvimento da concentração (por meio da terapia manual) e uma certificação.