Fernanda Yamamoto

Fyam I18 0150

A estilista Fernanda Yamamoto sempre usa suas raízes orientais como referência para suas criações. Nesta temporada de SPFW, ela faz uma imersão na cultura da comunidade Yuba, fundada na década de 1930, pelo japonês Isamu Yuba que, inspirado nas obras de Liev Tolstói e Jean-Jacques Rousseau, dedicou-se a criar um coletivo autossustentável agrícola nos arredores de Mirandópolis (a 600km de São Paulo).

Na década de 1960, levantaram em mutirão o famoso Teatro Yuba, cujos espetáculos anuais também contam com figurinos feitos por eles. Teatro, balé, dança, violino, piano, violoncelo, saxofone, haikai, cerâmica e bordado são algumas das artes praticadas na comunidade, sempre no período da tarde, após o trabalho diário no campo, onde produzem tudo o que precisam.

“Fiquei bastante sensibilizada pela simbiose entre a lavoura e as artes, e como essas atividades podem se influenciar mutuamente: a delicadeza com que se toca um instrumento pode também ser percebida no momento de tratar um alimento. Da mesma forma, a dureza e peso de um trabalho braçal na roça são suavizados com a sutileza das artes”, conta Fernanda Yamamoto.

O contraste entre a aspereza do trabalho na roça e a leveza da prática artística aparece na escolha dos tecidos. A peças partem de apenas três formas na sua construção: círculo, triângulo e quadrilátero, e produzidas com o mínimo de desperdício e com tingimento natural.

Pra isso, trabalhou com processos tradicionais artesanais, como o shibori (meticulosa técnica japonesa de tingimento com costuras e amarrações) que deu origem aos plissados manuais. Fernanda Yamamoto convidou para ajudar nos tingimentos naturais a diretora de arte Claudia Fugita e a pesquisadora Marina Stuginski, que trabalharam com urucum, folha de caju, casca de cebola e flor de cosmos, semente de avocado, feijão preto, arroz negro e repolho roxo.

(Fotos: agência Fotosite)

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