Cigarro eletrônico

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Dra Juliana Giorgi, Medicina Interna e Cardiologista do corpo clínico do Hospital Sírio Libanês e Hospital Israelita Albert Einstein. Escreve regularmente no site e comenta sobre os males do cigarro eletrônico.

Venho hoje retratar um assunto polêmico: o cigarro eletrônico. Como seu próprio nome diz, sim, é um cigarro. Tudo bem que não é um cigarro comum mas é cigarro. Não tenho uma postura condenatória ou careta mas acho importante falarmos a real sobre esse hábito, inclusive o indico para pacientes tabagistas.

O cigarro de papel contém mais de 30 substâncias extremamente viciantes ao cérebro. Sendo a mais importante delas: a nicotina. Uma droga potente, de alta dependência química cerebral. Portanto, quanto mais se fuma mais se quer fumar e qualquer tabagista sabe disso.

A grande questão não é só o vício mas sim a sua associação com o prazer. Juro aos não-fumantes que nicotina dá prazer. O ato de fumar pode ser hábito, charme, vício, bobeira, calmante, companhia ou simplesmente prazer e por estar em tantos cenários que é tão difícil abandonar.

A novidade nesse assunto fica por termos associado tecnologia à nicotina. Tudo que o mundo moderno adora. O cigarro eletrônico agora tem cor, modelo, potência, sabores variados e por isso voltou a ser tolerado em ambientes públicos. Com todas essas atualizações, o cigarro eletrônico virou moda e, por isso, mais atrativo.

Enquanto estávamos com uma geração de jovens fitness, dos anos 2000, que se preocupava com o corpo e com a saúde nos deparamos com esse novo brinquedinho que está conquistando uma população que era virgem de cigarro por ser cool. O registro da Centro de Controle de Doenças dos EUA publicou que mais de 2 milhões de jovens consumiram cigarro eletrônico, também conhecido como e-cig, nos últimos 30 dias.

A Universidade de Medicina de Nova York identificou que ratos de laboratório quando expostos ao vapor do cigarro eletrônico sob inalação apresentaram alterações em seu DNA nas células dos pulmões, vesícula e coração podendo representar um aumento de risco de câncer e doença cardiovascular.

A indicação do cigarro eletrônico se limita aos paciente fumantes que apresentam dificuldade de cessar o tabagismo como uma alternativa para o desmame sob a ideia de ser menos nocivo devido a ausência da queima do papel e do tabaco e da sua produção de monóxido de carbono e demais substâncias tóxicas da fumaça que não estariam presentes no vapor.

A possibilidade de reduzir as quantidades de nicotina nos e-cigs para desmame é relatada pelos pacientes como uma boa estratégia. Portanto temos percebido uma maior facilidade de desmame do cigarro quando há essa transição em cerca de 80% dos casos entrevistados pelo FDA ( Food and Drug Administration), órgão americano de controle de medicamentos e alimentos que ainda não autorizou a comercialização legal do cigarro eletrônico.

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