João Pimenta

JP

João Pimenta faz o único desfile 100% de moda masculina no SPFW. Então ele já merece um troféu por conseguir, sozinho, movimentar um segmento que gira tão calmamente em torno de novidades. Acontece que novidades são o motor das passarelas, então para se manter relevante, seu esforço é dobrado. E foi nesse jogo de contrastes e sobreposições que ele sempre conduziu suas apresentações desde a Casa de Criadores até o SPFW: masculino e feminino, tradicional e moderno, leve e pesado…

A dualidade que ele aborda desta vez é entre o sagrado e o profano (me lembrou na hora o espetáculo “Gira”, do Grupo Corpo). Começa todo em branco, na camisaria transparente com amarrações na frente, nas calças amplas, túnicas longas e jaquetas esportivas… Depois vai pincelando com preto, correntes, estampa de fogo, pentagramas, malha de tela e cruzes invertidas.

Com este trabalho de vanguarda em alfaiataria, com desdobramentos em prêt-à-porter e streetwear, João Pimenta conseguiu se posicionar entre os grandes alfaiates de ternos de casamento (o segmento mais disputado deste mercado), mas sem perder sua linguagem de moda, nem sua narrativa criativa e subversiva, tão poética como soam as palavras ao descrevê-lo.

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