Cabo do Medo e Prada

“Cabo do Medo” (1991) é um suspense norte-americano dirigido por Martin Scorsese, refilmagem do filme homônimo de 1962 (no Brasil, “Círculo do Medo”) e um dos raros casos raros em que a segunda versão fica melhor que a original.

O filme conta a história do estuprador Max Cady (Robert De Niro), recém-libertado da prisão depois de 14 anos de pena. Ele busca vingança contra seu advogado de defesa, Sam Bowden (Nick Nolte), pois acredita não ter usado todas as provas que tinha a seu favor durante o julgamento.

De cara, ele já parece um canalha. Além do advogado, passa a aterrorizar também sua mulher Leigh (Jessica Lange) e a filha adolescente Danielle (Juliette Lewis). Muito inteligente e formado em Direito nos anos em que estava atrás das grades, usa um vasto conhecimento em trâmites legais para cercar suas presas sem se comprometer legalmente.

Esta é maior arma do vilão de “Cabo do Medo”, pois usa o próprio advogado e seu repertório contra ele mesmo. Conforme vai apresentando suas motivações, chega até por em dúvida se não é mais uma vítima, revoltada com o sistema que a condenou, do que um degenerado.

O seu visual é aterrorizante: sem roupa, mostra músculos definidos rasgando o corpo (com apenas 3% de gordura corporal na ocasião das gravações), e tatuagem ameaçadoras.

Vestido, no entanto, parece ter saído de um desfile da Prada. Depois de assistir a “Cabo do Medo” neste fim de semana, fui fuçar os desfiles masculinos da marca italiana e descobri várias ligações entre o figurino de Rita Ryack e as criações de Miuccia: principalmente os anos 1970 nas golas pontudas, nas padronagens de camisaria e na combinação de cores.

Mas também bastante dos anos 1990 (que foi quando a marca de projetou globalmente), como os elementos esportivos e a segunda pele que ele usa no clímax de filme, na cena do barco. Veja no álbum a seguir e diga se não tem tudo a ver!