SPFW N57

João Pimenta

SPFW - N57


Foto: Gustavo Scatena/ @agfotosite

São vários desfiles masculinos no calendário de desfiles em São Paulo. Um dos mais importantes deles é João Pimenta, que atualizou seu repertório nesse SPFW N57 com referências do surf, do skate e da cultura de rua. Além dos ternos e trajes para cerimônias que abriram uma janela de mercado enorme para o estilista, ele partiu para a confecção de peças mais casuais, como camisa pólo camisetas estampadas, bermudas e calças cargo.

A cartela de cores de rosa velho, tons de bege e cinza remetem ao centenário Edifício Martinelli, no centro de São Paulo. Foi na sua cobertura que desfilaram os 40 looks da coleção, que voltaram cada um pelo menos três vezes à passarela, cada vez com uma nova camada de roupa. Tie-dye e xadrezes completam essa conexão com os movimentos jovens, assim como óculos escuros e tênis da marca Oakley, em uma colaboração com a marca.

O estilista Igor Dadona brinca com padronagens tradicionais de alfaiataria, como um mix de risca-de–giz e xadrez ou o xadrez das camisas de flanela. Num momento seguinte mostra os looks mais escuros e sofisticados, com um pouco de brilho nos tecidos e nos bordados de cristais localizados. Ou ainda uma espécie de cetim acolchoado.

Fazem parte desse bloco mais para a noite as camisas de smoking com jabô deslocado e uma dupla de mangas extras amarrada na cintura. O mesmo efeito aparece também na camisa listrada de azul e branco. Um trabalho muito lindo e sensível, não importa o gênero.

Mário de Andrade foi a figura escolhida para Rafael Caetano demonstrar seu amor pela literatura e a cidade de São Paulo em seu terceiro desfile no SPFW N57. Na coleção “Intransitivo”, o estilista busca elegância de antigamente nas formas amplas e mostra contemporaneidade nas misturas de cores e texturas. Ele trabalha a alfaiataria masculina com uma base de sarja estruturada em diferentes tons e lavagens, como o tingimento respingado em verde que representa o concreto da selva de pedra.

As cambraias, mais leves, fora construídas com fios de lurex, que deu brilho metalizado em algumas peças. Rafael Caetano brinca também com as formas dos paletós como se fosse um poncho ou uma jaqueta com capuz. Nos pés, botas com solados deslocados reforçando uma ideia que ele já havia apresentado anteriormente.

A marca Dendezeiro, de Hisan Silva e Pedro Batalha, sempre teve um viés muito autoral para o streetwear. Neste SPFW N57, trabalhou com peças de alfaiataria. Teve um foco especial em calças, começando o desfile com modelos cargo em marrom claro, com até oito bolsos utilitários.

Outro modelo que chamou a atenção foi uma calça em que o cós havia sido substituído pela parte de cima de um paletó, com as mangas amarradas na cintura. Ou ainda o efeito duas calças sobrepostas. São exercícios de design que mostram a vontade de atualização permanente que fazem da Dendezeiro uma das marcas mais quentes de streetwear.

Gefferson Vila Nova convida para uma jornada por ilhas paradisíacas, com um guarda-roupa que lembra uniformes de expedição. Um exemplo é a série com bolsos utilitários (de look tipo escoteiro, o conjunto esportivo cáqui com brilho e a estampa de ilustrações cartográficas).

Em outros momentos aciona o estilo dos viajantes, nos trenchs com camisa e calça ampla. Teve um bloco de camisas de tricoline com listras azul e branco, fazendo uma linha mais colegial, em uma composição com calça cargo de malha.

A Forca Studio apresentou um desfile dividido em três partes. A primeira delas com foco em peças de escritório, peças corporativas, com propostas arrojadas para calça e paletó de alfaiataria e sapatos sociais misturadas com tops cruzados. É numa estratégia de oferecer peças para o cotidiano além da conexão com as festas noturnas que projetou Vivi Rivaben e Silvio De Marchi na moda.

O segundo bloco foi de uma colaboração com a marca esportiva Kappa, com peças de peerformance e de street-style. Por fim o bloco da noite, com bodies, calças, jaquetas e botas de couro. A coleção traz um tecido de borracha desenvolvida manualmente por artesãs de tribos da Amazônia.

AZ Marias levou os convidados para o Teatro Oficina para apresentar a coleção “Florescer – Ato IV: Ar”. Sustentabilidade e cultura afro-brasileira são temas permanentes no trabalho de Cintia Felix, dessa vez com foco em religiões de matriz africana.

Inspirada pelo conto das borboletas de Oyá, a senhora dos ventos, e pelas relações maternas, Os 25 looks representaram a brisa, a nuvem e a fumaça combinando peças em jeans feitas de cânhamo com roupas transparentes e fluídas em tons claros e suaves.

Maurício Duarte trabalha basicamente com algodão e uma mistura com seda, plissados e com drapeados na frente e nas costas no look da túnica sobre calca ampla, que aparece também em preto. Já os tramados manuais são feitos com fios de tucum e juta.

Na LED, Célio Dias mostrou várias opções em jeanswear (denim, delavé ou black jeans), às vezes com corações pintados de branco ou com recortes vazados. São acompanhados com exercícios de design em camisaria branca, camisas de flanela xadrez, ou mesmo em camisetas brancas básicas.

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